Na simplicidade herdada, pelos que deixaram marcados seus feitos de campo, suas vivências de lida e da vida, trago em meus versos o que aprendi e o que aprendo a cada dia. Compartilho com os amigos através da minha música minha busca incessante...

"Por defender minha existência"

Meus versos

DE QUEM TEM CACHORROS BUENOS

A tropa segue o assovio
E a chuva encharca a carcaça
Força polianga de essência
Que na primavera se alça
E touros florões de tropa
Semblante estampa da raça

O rodeio froxa o garrão
Na invernada do araçá
Pingo crioulo no freio
Filho do bt butiá
E flores que desabrocham
No miolo do gravatá

A cachorrada ovelheira
Ponteia o gado na estrada
Cruzado no lamaceiro
Banhado passo e picada
E a tropa segue marchando
Com graxa que vem da invernada

Uma polianga aça a cola
Cruzando no aguaceiro
Direito a várzea encharcada
Berrando  pelo terneiro
E dois ovelheiros alertas
Prenunciam  o aparte campeiro

Um taura ao ver esta imagem
Se diverte com o regalo
Quem já tropeou neste mundo
Compreende o assunto que falo
Pois quem tem cachorros buenos
Jamais sua seus cavalos


Marco Pires e Alex Barcellos 




 Quando renasce um cavalo

Na folha da faca que risca o gateado
o sangue goteja manchando o chão
a lonca é tirada do flete sem vida
e a alma encordoa para outro rincão

um taura guasqueiro de traços judiados
desquina seus tentos cumprindo a jornada
sentindo saudades do lombo daquele
que mais que cavalo foi amigo de estrada

a cada ponteio das mãos calejadas
renasce aos poucos o flete buenaço
que deixou a querencia e as rondas de tropa
e um tinido de patas pairando no espaço

saliva e lagrima arrematam o aperto
do sinchão e buçal trançado a preceito
cumprindo seus ritos buscando horizontes
e deixando para sempre um vazio no peito

mas ficam lenbranças pelos cavaletes
os apeiros trançados botas garroneiras
eternisando seus fletes na moldura dos ganchos
e fasendo dos potros esperanças campeiras


Letra e música : Marco Pires e Alex Barcellos 







Um regalo para Dom Cassiano

"Rosto judiado por noventa primaveras
mãos calejadas de quem domou para viver
passa em silencio pela porta do galpão
e calmamente sente uma lagrima escorrer
olha os apeiros pendurados no oitão
hoje reliqueas como ele a envelhecer"

bocal ja gasto da embocadura do flete
par de rendilhas esquecidos no galpão
o laço velho quase atorado no meio
fiel parceiro das horas de precisão

o paysandu enfeitando um cavalete
e um maidana desabado a temporal
couro de pardo para trançar armas campeiras
antigos trastes de um terrunho ritual

Dom Cassiano olha ao longe a querência
saudando o campo companheiro das auroras
ouvindo o canto de um grilito payador
vai relembrando do cantar das suas esporas

vistas cansadas de laçar alguns matreiros
algumas marcas de aramado e corredor
poncho dos buenos pros dias de chuvisqueiro
sustenta o cerno  nalgum pingo de valor

golpeia a canha no costado do fogão
engraxando cordas de saudades sentinela
de um tempo antigo de sovar basto e pelego
que hoje vivem a rondar sua cancela

Letra: Marco Pires
Música: Carlos Augusto (ZIZO)












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